Essa paciente chegou até nós para realizar uma panorâmica — exame de imagem sem informação prévia.
A imagem trouxe achados incomuns. Os pontilhados atípicos chamaram atenção da equipe, que chegou a repetir o exame, suspeitando de uma falha no equipamento, já que nunca tinham visto algo parecido na aquisição.
Mas foi quando o radiologista entrou em contato com o dentista responsável, que os dados começaram a fazer sentido:
Ela havia passado por extrações dentárias e não cicatrizava.
Segundo o profissional, o osso exposto estava com um aspecto diferente e, por isso, ele fez microperfurações para tentar aumentar a vascularização na região (isso explica os pontilhados na panorâmica).
Diante disso, o radiologista sugeriu uma tomografia cone beam de maxila e mandíbula e, quando a paciente retornou para fazer, realizou-se uma anamnese. Nela constava o uso do medicamento zometa (bifosfonato injetável), que foi utilizado no tratamento de câncer de mama. Nesse momento, o quebra-cabeça do diagnóstico começava a se fechar.
Já com as imagens tomográficas, foi possível perceber a extensa reação periosteal, sequestros ósseos, osso bem esclerótico e a confirmação da osteonecrose associada à medicamentos. No caso, antirreabsortivos.
Informação clínica e histórico são partes essenciais do diagnóstico.
Portanto, mesmo com a melhor tecnologia, um exame de imagem sem informação prévia e sem contexto pode gerar mais perguntas do que respostas, como foi o caso dessa radiografia panorâmica.